Arquivo do mês: janeiro 2012

Vitrines Internacionais Resort 2012 – Chanel

Clássica, chique, a vitrine de uma das lojas Chanel em Nova York traz algumas peças e acessórios da coleção Resort 2012.

O preto e branco representam o luxo e a elegância que a Chanel tem. Em perfeita harmonia maiôs combinam com colares de pérolas e pedras, sandálias salto pesado e meia pata.

Pensando nos mínimos detalhes a Chanel pensou em proporcionar para “a sua viagem de férias” porta câmeras, mini bags em matelassê, muito práticas. Além da maxi bolsa preta e branco, com uma camélia na alça.

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Jean Paul Gaultier Alta Costura Verão 2012/13 – Homenagem a Amy Winehouse

Amy Winehouse e Jean Paul Gaultier Alta Costura Verão 2012/13

Jean Paul Gaultier apresentou sua coleção de alta costura verão 2012/13 na última quarta-feira (25.01) em Paris.

Homenageando o estilo de Amy Winehouse, a coleção trouxe looks fifties, o cabelo colméia e a maquiagem marcante, delineador preto, olhos gatinho e até a pinta preta no canto da boca.

Mas seria este mesmo um desfile de alta costura onde se apresenta tudo que é raro, precioso e belo no mundo da moda? Na passarela de Gaultier, sim!

Gaultier conseguiu transformar sua apresentação de alta costura em uma despedida de Amy Winehouse e adicionou um colorido em sua ousada coleção.

Cintura marcada, saias lápis, silhueta em forma e corpetes revelavam o estilo de Amy Winehouse. Algumas peças ganharam ares desconstruídos, com golas e mangas fora do lugar.

“Amy foi um verdadeiro ícone fashion, cujo estilo não foi honrado pelas revistas de moda desde sua morte”, disse o designer francês ao portal de notícias WWD.

A cartela de cores era muito colorida, amarelos, azuis, laranjas, vermelhos, pink, verdes, preto e branco.

Na passarela, Karlie Kloss, Arizona Muse e Andrej Pejic, o modelo andrógino, transformaram-se em verdadeiras Amys, surgindo com perucas coloridas, caras e bocas ao som de grandes sucessos da cantora.

No fim da exibição, as modelos vestiram véus pretos sobre o rosto, representando o luto pela morte da cantora.

Nos pés big plataformas com meia pata, algumas amarradas na perna. As bolsas eram tipo carteira.

Porém que não gostou muito dessa homenagem foi Mitch Winehouse, pai de Amy Winehouse.

Ele declarou ao tablóide britânico The Sun que o desfile foi um “choque total”, que considera a coleção de Jean Paul Gaultier de extremo mau gosto, pelo fato de levar modelos a passarela fumando e usando perucas que imitavam o cabelo de Amy, acusando o estilista de lucrar com a morte de sua filha.

O pai da cantora afirmou ainda que tem orgulho da influência de Amy na moda, mas que Gaultier usou no desfile uma fase infeliz da vida dela.

“O desfile retratou Amy quando ela não estava em seu melhor estado e enalteceu um dos momentos mais difíceis de sua vida. Isso é decepcionante para a família. Ver sua imagem sendo usada para vender roupas foi algo que não estávamos esperando e nem fomos consultados”, disse Mitch.

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Louis Vuitton inaugura loja em Roma

A Louis Vuitton inaugurou na última quinta-feira (26.01) sua primeira maison na Itália, Maison Louis Vuitton Roma Etoile, na praça San Lorenzo in Lucina, no centro de Roma.

A loja de três andares ocupa o primeiro cinema da cidade, construído em 1907 no centro de Roma.

A Louis Vuitton restaurou todo o prédio, seguindo o projeto do arquiteto Peter Marino, que já colabora com a marca há muito tempo.

Com uma pequena sala de projeção, com capacidade para 19 pessoas, o Etoile Maison faz uma homenagem a Roma, ao cinema e a sala Etoile.

Uma obra do artista plástico Georg Dokoupil feita com centenas de metros de filmes antigos decoram a entrada da loja, assim como uma estante alta com diversas malas antigas Louis Vuitton.

Segundo o portal de notícias WWD, Marino utilizou materiais comuns na construção de Roma, como ônix e mármore travertino de diferentes cores. Para Yves Carcelle, CEO da Louis Vuitton, “a loja foi um desafio tanto cultural quanto arquitetônico. Tentamos criar um projeto novo sem deixar de lado a identidade forte da cidade Eterna”.

O espaço era ocupado por obras de artes e objetos de decoração de artistas renomados como Jean Larivière, Gregory Crewdson e a versão da Criação de Adão de Michelangelo do brasileiro Vik Muniz, cuja a obra original encontra-se na Capela Sistina.

Além disso, existe um canto dedicado às bolsas desenhadas pela diretora de cinema Sofia Coppola e um espaço para óculos, lenços e outros acessórios.

Entre as convidadas principais do evento estavam as atrizes Cate Blnachet, Catherine Deneuve e sua filha Chiara Mastroianni.

Cate Blanchett

Catherine Deneuve

Chiara Mastroianni

Para o público a loja foi aberta somente no domingo (29.01).

 

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Campanhas Internacionais Verão 2012/13

Diversas tops de peso estrelam campanhas de grandes marcas internacionais, inclusive algumas modelos com mais de 40 anos, como Naomi Campbell (41) e Kristen McMenamy (47) na campanha de Roberto Cavalli, clicadas por grandes fotógrafos.

Nas campanhas abaixo é possível identificar algumas das tendências da temporada verão 2012/13: tons pastel, fundo do mar, esportivo, estampas africanas, entre tantas outras.

Destaque para as campanhas da Prada que colocou as modelos em carros antigos relacionando com os sapatos de labaredas, sandálias com sinaleiras e com as estampas de carros.

Já a Versace colocou Gisele Bündchen usando jóias que representavam estrela-do-mar e cavalo-marinho.

Versace Jeans - A top Gisele Bündchen estrelou uma campanha sensual ao lado do modelo Ryan Barrett para Versace Jeans. As fotos são da dupla Mert Alas e Marcus Piggott

Versace - Gisele Bundchen, fotografada por Mert & Marcus usando jóias inspiradas no fundo do mar

Versace - Gisele Bundchen, fotografada por Mert & Marcus

Missoni - O cineasta espanhol Pedro Almodóvar foi o diretor da campanha de Verão 2012/13 da grife italiana Missoni. O fotógrafo Juergen Teller Angela Missoni e o cineasta em poses bizarras

Missoni

Stella McCartney - A top Natalia Vodianova posou para a dupla de fotógrafos Mert Alas e Marcus Piggott para a nova campanha da Stella McCarney. A modelo aparece em preto e branco recortada sobre uma imagem repleta de flores

Stella McCartney - Natalia Vodianova, fotografada por Mert & Marcus

Calvin Klein Jeans - A campanha de Verão 2012 da Calvin Klein Jeans mostra calças coloridas de maneira sensual. As modelos Lara Stone, Toni Garrn e Joan Smalls posam molhadas e sem blusa para a dupla de fotógrafos Mert Alas e Marcus Piggott. O styling é de Karl Templer

Mulberry - A Mulberry usou o famoso píer de Brighton, na Inglaterra, como pano de fundo para sua campanha Verão 2012 fotografada por Tim Walker. As tops Frida Gustavsson e Lindsey Wixson são as garotas-propaganda

Mulberry - Tons pastel

Roberto Cavalli - Roberto Cavalli convocou um time de veteranas para sua campanha Verão 2012. Naomi Campbell (41 anos), Kristen McMenamy (47 anos) e Karen Elson (33 anos) contracenam com a novata Daphne Groeneveld (17 anos) em fotos de Steven Meisel

Roberto Cavalli - Naomi Campbell (41 anos), fotografada por Steven Meisel

Roberto Cavalli - Kristen McMenamy (47 anos), fotografada por Steven Meisel

Dior - A atriz Mila Kunis é a nova garota-propaganda da Dior em sua campanha Verão 2012. As fotos foram feitas em Nova York pelo sueco Mikael Jansson

Prada - Ymre Stiekema, Guinevere van Seenus, fotografadas por Steven Meisel

Prada

Prada e as labaredas

Prada

 

 

 

 

 

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SPFW Inverno 2012 – Cavalera

Ocupando as passarelas da Estação da Luz em São Paulo, a Cavalera apresentou sua coleção inverno 2012.

Recebidos com músicos e bailarinas burlescas, os convidados assistiram a um desfile onde calças de sarja em tons terrosos, beges e verdes e paletós esportivos vestiam os meninos e jaquetas leves e blusinhas plissadas de organza, cropped trench coats e saias de renda vestiam as meninas e para ambos a perfecto, com zíperes diagonais.

As peças foram desenvolvidas em materiais como jeans resinado que imita o couro, veludo cotelê, veludo lavado, moletom que aparece bordado e recortado a laser, malha e renda e as cores da cartela são preto, azul, vermelho, cáqui, verde militar, além das estampas lúdicas, ultra coloridas e ilustradas, como corações sagrados, flores e espinhos.

Intitulada Cowboys Urbanos a coleção foi inspirada no faroeste urbano.

Cavalera Inverno 2012 - Calçados Femininos

Cavalera Inverno 2012 - Calçados Masculinos

 

 

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SPFW Inverno 2012 – Alexandre Herchcovitch Feminino

Alexandre Herchcovitch montou uma proposta de silhueta nova, com tons que lembram o entardecer de uma tarde de outono como ferrugem, mostarda, bordô, marrom e dourado.

Não houve inspiração: “São formas e cores muito clássicas; meros exercícios de construção, acabamento e inovação de materiais”, disse o próprio estilista.

Com a junção do excesso de dourado com o minimalismo, deixou de lado os vestidinhos acinturados do verão para investir num formato longe do corpo e de ombros e volumes arredondados. Formas mais amplas trazem mangas até o cotovelo e com cavas levemente deslocadas, além de muitos recortes.

Peças mais femininas como vestidos com rendas e peças mais ajustadas ao corpo apareciam em sobreposições de rendas, couro e tecidos xadrezes.

Os materiais utilizados para esta coleção foram malha, renda dourada, nylon, couro metalizado, cashmere dublado com lã bouclê, seda creponada e gabardine.

Uma coleção de delicadeza nada óbvia, sofisticada, mas totalmente usável. Alexandre Herchcovitch trouxe a renovação do clássico, mas sempre com novas propostas, sejam elas nas cores ou nos materiais.

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SPFW Inverno 2012 – Ellus

Para a temporada inverno 2012 a Ellus apresentou uma coleção muito mais sofisticada, inspirada por histórias de países nórdicos, principalmente a era vicking.

Peças mais estruturadas apareciam em lã, couro, rendas e seda. Formas clássicas, destacando casacos, trench-coats, jaquetas perfecto e vestidos com cortes transpassados.

No jeanswear a Ellus trouxe uma novidade: o leather denim que tem a aparência de couro e o color denim que chega no jeanswear em vermelho e mostarda.

O desfile foi marcado por três fases: looks totais pretos, looks totais vermelhos, encerrando com looks ouro rose.

Diversas possibilidades de uso de diferentes matérias-primas foram exploradas como, por exemplo, o novo uso da renda. Ao invés de usá-la direto na pele a Ellus usou a renda como sobreposição em jaquetas pesadas. A jaqueta bomber, uma das últimas peças do desfile, mostra essa técnica.

 

 

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Chanel Alta Costura Verão 2012/13

Inúmeros tons de azuis definem a coleção alta costura verão 2012/13 da Chanel. Mas porque tanto azul?

“Qualquer coisa, mas azuis”, disse Karl Lagerfeld após o desfile. “Eu não tenho os azuis”.

Nesta apresentação os convidados tomaram seus assentos em um vôo no ônibus espacial Chanel que no decorrer do show deixou a Terra e foi para o espaço.

O cenário para este show recriava o interior de um avião no Grand Palais em Paris. No teto nuvens com o dia claro e estrelas quando as luzes se apagavam, tapete com logos da Chanel representavam símbolos de uma companhia área e, como não podia faltar em um vôo de primeira classe, comissários de bordo serviam champanhe, suco e água com gás.

Na passarela, ou no corredor de um Boeing, um arco íris monocromático de azuis, cremes e alguns looks em preto, o que não é muito comum em uma coleção de verão. O tweed, característica da Chanel, brilhou assim como as camélias e facinators com plumas altas na cabeça.

Silhueta simples, casaquetos com golas amplas, cintura rebaixada, mangas bufantes, bolsos baixos e largos, cabelos punk 80´s e olhos esfumados e marcados com um azul escuro. Uma mistura de modelos trazia a clássica elegância Chanel para a passarela.

“Não 50´s, não 60´s, não 80´s. Apenas o que eu gosto”, disse Karl Lagerfeld sobre sua coleção de alta costura verão 2012/13.

Sem muita extravagância, o comprimento dos vestidos de festa atingia o tornozelo. Entre brilhos, transparências, bordados, miçangas, pedrarias e paetês destacam-se as meias-calças transparentes com bordados dando o efeito de jóias acima do joelho.

Na primeira fila Alice Dellal era um dos grandes nomes e a escolhida por Karl Lagerfeld como nova estrela da campanha de bolsas Chanel.

Alice Dellal no desfile Chanel Haute Couture Spring 2012

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Vitrines Internacionais Verão 2012/13 – Salto Alto

Os desfiles da temporada de Inverno 2012 brasileiro encerraram-se ontem (24.01), porém as vitrines internacionais começam a mostrar as novidades do verão 2013!

E já que estamos enfrentando este clima quente que promete durar mais algum tempo, podemos muito bem nos inspirar nas vitrines de Nova York.

Grandes marcas e grandes lojas recheiam suas vitrines com modelos clássicos como escarpin e peep toes, muito salto alto e cores vibrantes como laranja, amarelo e vermelho, além do colorblocking que continua no próximo verão, mas não com tanta força como neste.

Bergdorf Goodman - laranja vibrante em verniz

Bergdorf Goodman

Bergdorf Goodman - peep toe colorblocking, meia pata e salto alto fino

Bergdorf Goodman

Calvin Klein

Giuseppe Zanotti

 

 

 

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Entrevista no FFW Inverno 2012: Constanza Pascolato consultora ícone

Costanza Pascolato em conversa com o FFW

Leio Constanza Pascolato a algumas décadas e com certeza são seus textos e seu olhar  que me inspiraram a ser consultora. Ainda  fiz o dever de casa, ou seja, passei por todos os estágios práticos da indústria do vestuário e calçadista: estilista, gerente de produto, diretora de departamentos de criação e finalmente consultora.

Conheci Constaza Pascolato na Couromoda Inverno 1994, num Anhembi que era o reduto de uma indústria calçadista ainda voltada para a exportação, inclusive  com stands poderosos como o da antiga Strassburger, famosa pelas sandálias franciscanas que começaram e eternizaram as relações de exportações do Brasil e que, nem de longe era o que temos hoje, feiras de calçados e bolsas que mixam referencias internacionais a contrapontos de  brasileiridade nos produtos nacionais.

Constanza caminhava absorta vendo o que  podia nos stands super fechados da época. Tomei coragem, me aproximei e apresentei como gerente de produto da Julia Mezzetti, perguntei se podia conhecer a coleção que eu, Claudia Narciso (hoje diretora de estilo da Arezzo) e Renato Ruiz (estilista e hoje, professor de estilo em São João Batista) fizemos para aquele Inverno 1994 com: muito bicolor, transparências, oxfords e coturnos. Constanza foi comigo ao stand e  me ouvia sem pressa modelo a modelo, depois a deixei com a então diretora de estilo e fiquei na minha.

Na hora de ir embora a consultora da Vogue Brasil perguntou por mim, me encontraram e fui ao seu encontro em nosso stand. Ela me disse: – Fanny, faz anos que venho as feiras de calçados e não vi nada igual ao que vocês estão fazendo e, por isso, agradeço seu convite em conhecer a Julia Mezzetti.  Nos despedimos e fiquei olhando a mulher elegante que se distanciava e agora eu absorta com meus pensamentos, vale a pena estar na moda!

Por esse meu reconhecimento em quem me inspira em ser honesta em ser consultora de moda, reproduzo e agradeço ao FFW por essa entrevista!

Costanza Pascolato, dona da tecelagem Santaconstancia e colunista da “Vogue” brasileira, é um dos maiores ícones da moda nacional, além de ser respeitada internacionalmente. Nascida na Itália, em 1939, bem no começo da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Costanza chegou ao Brasil com cinco anos ao lado dos pais, Michele e Gabriella Pascolato, e do irmão mais novo, Alessandro, e se estabeleceram em São Paulo, onde criaram um grande império têxtil. A história da empresária e consultora é fascinante, por isso mesmo o FFW a entrevistou com exclusividade na noite de sábado (21.01) no restaurante Manioca, durante o SPFW.

Sua mãe, Gabriela Pascolato, veio da Itália com você e seu irmão ainda muito novos, fugindo da guerra, e construiu um império têxtil praticamente sozinha. A senhora pode contar um pouco mais dessa história?

Na verdade não foi sozinha, foi junto com meu pai. Em 1945, eu tinha de cinco para seis anos, meu irmão tinha dois, e meus pais vieram depois da guerra… e a guerra era uma coisa assim, que mudou a vida da gente, eles tiveram que recomeçar. Então, eles perceberam que no Brasil, na época, só se fabricava algodão e minha mãe teve a ideia, depois de um ou dois anos que estavam aqui, de começar algo e o cruzeiro era uma moeda muito forte, era uma época boa para começar um negócio. Minha mãe resolveu começar com 12 teares e compraram seda no interior de São Paulo, que já era fabricada pelos japoneses, mas que quase tudo era exportado. O início foi com uma tecelagem de seda e, nos anos 70, o meu irmão começou a pensar no que era tecnológico, no sentido da fibra com memória, com elastano, lycra, por exemplo. A nossa fábrica foi a primeira homologada para fazer o primeiro cotton lycra, o primeiro tecido de uso diário que tinha uma origem esportiva e que era estudada para a melhor performance possível do corpo. Foi uma ideia pioneira, que meu irmão, junto com a minha mãe, começaram a introduzir na vida do dia-a-dia, afinal aqui todo mundo se veste casual, não tem centro urbano muito grande para ter que se vestir como no hemisfério norte, lá fora e tudo o mais. No Brasil, tudo é malha e elástico, todo mundo quer uma moda próxima do corpo e confortável para o dia-a-dia.

À que a senhora atribui as figuras femininas tão fortes na sua família?

Acho que a figura feminina já vinha forte da minha avó materna, que trabalhou junto com o pai dela que era prefeito de uma cidade na Sicília e ela, já com 15 anos, no final do século 19, trabalhava em um escritório. Depois, ela foi super ativa e cuidou de casas gigantescas e fazendas que o meu avô teve, inclusive do pessoal. Chamavam ela de “Rainha Sol”, como Luís XIV, o “Rei Sol” na França, sabe? Aí minha mãe era do mesmo jeito, mas acho que ela era até mais forte que a gente. Enfim, eu acho que é uma família de matriarcas, mas sem desmerecer os homens porque, na verdade, o meu irmão é uma pessoa super interessante e capaz, ele está por trás de uma empresa que ainda funciona, depois de tantos anos.

Como foi crescer neste meio tão ligado à “moda”, mesmo que com um conceito de moda tão distinto do que temos hoje?

A mudança mais importante foi a questão de que quando minha mãe começou não existiam confecções, eram simplesmente costureiras e ateliês que atendiam. Então as pessoas costuravam em casa, a gente vendia à metro, quer dizer, vendia a lojas que vendiam à metro. A grande revolução foi no começo dos anos 1970, final dos 60. Quanto a mim… eu não sei, a moda foi um importante viés para entender o mundo. Eu vi a moda em mim quando tinha três, quatro anos, e comecei a reparar nas pessoas. Para mim é fácil enxergar a moda. E minha mãe sempre me falava sobre o que ela andava fazendo, sobre o que vinha acontecendo, já com 12 anos ela me levava para os escritórios todos para que eu visse as pessoas que atuavam na moda. Com 15 anos, em Paris – ela exportava seda para a França – eu vi de longe a [Coco] Chanel porque ela estava dentro do escritório de um fabricante francês, que importava coisas da gente… eu vi os primeiros desfiles de alta-costura nas maisons. Ela falava sobre roupas e se vestia lindamente, minha avó também… minha avó tinha roupa da Chanel de 1912, 1914… então é uma cultura familiar. Além de eu ter um olho, entende? Algumas pessoas da família não são assim, a Consuelo [Pascolato Blocker, filha de Costanza] é, por exemplo. Eu acho que a gente leva jeito e um olhar que a gente tem para isso e para mim a moda é uma das maneiras de enxergar o comportamento de uma época.

Costanza Pascolato em conversa com o FFW

Como é ter presenciado “o comportamento” daquela época, de grandes designers como Dior, Givenchy, além da própria Chanel? Como é lidar com a diferença desse tempo para os dias atuais?

Eu tinha a noção muito clara do que era a moda uma certa época antes do advento do prêt-à-porter na Europa, que foi um momento… é assim: a alta-costura representava uma elite, todo mundo copiava o modelinho da alta-costura que vinha nas revistas, levava na costureira e copiava. Quando o prêt-à-porter começou, nos anos 1970, lá na Europa, principalmente em Paris, depois na Itália, foi o movimento libertário e de pensamento, mas ao mesmo tempo outros consumidores entraram no mapa, ou seja, outros consumidores com a mentalidade mais jovem e mais democrática porque a partir dos anos 1968, 69, 70, as ideias dos jovens, que não eram respeitadas, começaram a valer e ao mesmo tempo houve a libertação sexual… Mas toda aquela novidade que foi revolucionária no mundo veio junto com o fato de que os consumidores viraram consumidores independentes dos adultos, principalmente dos pais, eles pensavam diferente e queriam se vestir de uma maneira diferente, as ideias muito rígidas não funcionavam com eles e as roupas também não. Eu vivi na melhor parte do século 20. Quando eu cheguei ao Brasil tinha telefone “à manivela” e hoje eu tenho dois celulares e dois iPads, então viver esse período, até hoje, é uma experiência, estando ativa e tendo o olhar ainda “dissernidor”, acho que é uma das experiências mais fascinantes que alguém pode ter.

Como foi ter nascido em uma família tão abastada e depois ter sido deserdada?

O fato de ser deserdada foi um movimento meio radical do meu pai, que ele achava que eu não tinha juízo e precisava aprender a ser independente. Eu acho que para mim foi muito bom, no sentido de que eu tive que me virar e aprender a conviver com outras pessoas e outros grupos e trabalhar para os outros, que é bom, porque se só tivesse ficado dentro da minha empresa, primeiro que eu não tenho uma função administrativa, eu nunca soube fazer isso, só tenho o talento de contribuidora porque tenho uma visão, tanto que sou consultora de várias empresas. E é o que eu gosto de fazer. Eu trabalhei 20 anos na editora Abril, como editora, e tive que voltar para a minha empresa porque meu pai estava morrendo e minha mãe estava ocupada, meu irmão disse que seria bom que eu voltasse, o que aconteceu em 1987. Mas escrevendo, eu tinha uma coluna na “Folha de S.Paulo”, na Ilustrada, e me deram uma página inteira por semana, até 1991. Depois eu comecei na “Vogue”. O exercício disso tudo, que é bacana, é que eu tive que me adaptar a várias épocas. Eu tive que pensar em função da época que eu estava vivendo para escrever.

Quais foram – e continuam sendo – as referências da senhora?

Minha referência, na verdade hoje, é a internet, porque atualmente nós fazemos o nosso conteúdo. Eu gosto de livros, de fotografia e de arte contemporânea porque nesse período que eu te falei, a partir do século 20, já foi uma revolução, sobretudo em Paris, de movimentos artísticos que saiam do convencional e eu segui muito isso e continuo me informando sobre isso. Eu gosto de ir à Basil, Miami Basel, quando posso vou para Veneza, mas que é nesse período que a moda aqui está muito ativa e muitas vezes eu perco, mas o olhar do artista contemporâneo, não necessariamente de hoje, mas de ontem ou de anteontem, para mim ainda são aquelas “antenas” que você redescobre caminhos que eu não tinha entendido ainda. A cada dia e a cada mês e a cada ano da sua vida, você vive uma – se você não ficar parado, obviamente — mini evolução e você consegue ver as mesmas coisas de outro jeito.

O que a senhora acha de parte da cultura de moda atual e dessas referências, que por serem vinculadas à internet, algumas vezes são tão rasas?

Eu acho que é ruim, não para nós, que nos formamos de outra maneira. Eu fico preocupada é com a juventude que está muito mergulhada nisso, porque é ela que vai ser prejudicada e vai enxergar o mundo cada vez mais rasteiro, raso e superficial. O chato do novo, como diz o Gilles Lipovetsky, é que na hipermodernidade, você quer tudo já e de qualquer jeito. Isso tira a antecipação e a curtição da coisa. Eu vejo estas crianças fantasiadas de adultos, com 10, 12 anos, e fico pensando que elas vão perder uma parte da vivência delas e vai fazer falta no futuro. Não é que eu vá querer reformar o mundo, só acho uma pena, porque a vida é uma só, não é? Então, se você perde essas fases, momentos e oportunidades da vida e banaliza, você nunca vai sentir nada. Eu gosto de ver filme de época, acabei de ver um filme da Jane Campion.

E seus autores e diretores preferidos?

Eu não sou muito culta. Eu li muito enquanto era menina, muita coisa francesa porque foi a primeira língua que eu aprendi. Minha paixão é o cinema da “Nouvelle Vague” francesa, estou revendo tudo, porque estou entendendo um monte de coisa. Adoro Bernardo [Bertolucci] e [Luchino] Visconti, que eu conheci e tirou uma foto famosa minha de perfil.

Foto de Costanza Pascolato em 1965

Dentre os designers brasileiros, o que a senhora mais gosta e utiliza?

Eu visto Glória [Coelho] e Reinaldo [Lourenço] há muito tempo e agora eu sou apaixonada pelo Pedro [Lourenço]. Tenho muita coisa especial do Alexandre [Herchcovitch]. Mas você entende que, talvez por eu ter uma relação especial com eles e porque eu preciso que as coisas sejam feitas hoje em dia quase no meu corpo, não é natural que eu vista qualquer coisa. Primeiro porque tem que ter manga, sem manga eu não uso mais, preciso manter uma certa imagem, então necessito de muita elaboração. Eu não compro qualquer coisa, não dá certo mais, entendeu?

Fonte: http://ffw.com.br/noticias/gente/costanza-pascolato-fala-de-sua-historia-e-suas-percepcoes-da-moda-atual/

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